Em meio à estiagem, especialistas em hidrologia e do setor elétrico defendem a racionalização no uso da água e energia para evitar a escassez de ambos. A Coppe da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sediou um seminário nesta segunda-feira (2) para discutir soluções sobre o tema. Segundo os componentes da mesa, a diminuição no consumo é inevitável.
O diretor da Coppe, Luiz Pinguelli Rosa, abriu a mesa de discussões afirmando que já se passou da hora de fazer racionamento. Para o professor, medidas adotadas pelo Governo, como o aumento na tarifa de energia, são eficazes, mas tardias.
"Atrasadas e medidas modestas. Não vai escapar do racionamento", afirma o diretor da Coppe.
Neste domingo (1), o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul chegou a 0,33%, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA). Para Rafael Kelman, diretor da empresa de consultoria em eletricidade PSR, o volume baixo de água indica que a quantidade de energia que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) diz produzir está equivocada.
"Temos indícios de uma série de fatores que fazem com que a operação real do sistema seja muito mais complicada do que é observada pelo planejamento. Quando o governo toma decisões baseadas no planejamento ele está enxergando uma situação e quando a gente vê a operação real do sistema ela é um pouco diferente. Por mais que essa diferença possa parecer pequena em um primeiro momento, por exemplo, 3%, essa diferença tem um efeito cumulativo. Isso se reflete no esvaziamento dos reservatórios. Isso leva a crer a necessidade de contratar mais energia para suprir a população", explicou.
O diretor também defende a economia imediata de água e energia. Segundo ele, isso pode evitar um racionamento ainda maior no futuro.
"Seria preferível economizar agora do que fazer uma grande economia no futuro. Vale para a água e vale para a energia. Então se a população puder reduzir isso vai ajudar o sistema a evitar um grande consumo lá na frente que pode ser muito mais traumático", defendeu.
Para o diretor do projeto Ilumina, Roberto Araújo, o Governo Federal não estimula a população a economizar energia.
"Todas as lojas usam lâmpadas dicróica. São lâmpadas de 50 watts, esquentam uma barbaridade. Se substituir uma lâmpada dessa porá uma de LED de 6 watts, você economiza 44 watts. Só que a lâmpada LED é muito mais cara. Então o governo deveria reduzir os impostos sobre essa lâmpada LED. Nem isso é feito", disse ele.
Bacia do Rio Paraíba do Sul volta a cair
Apesar dos temporais que atingiram todo o estado no fim de semana, o nível da bacia do Rio Paraíba do Sul voltou a cair, de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA). Neste domingo (1º), o volume do rio chegou a 0,33%. A porcentagem é calculada a partir do nível dos quatro reservatórios que abastecem o Rio de Janeiro – Paraibuna (SP), Santa Branca (SP), Jaguari (SP) e Funil (RJ).
Segundo o relatório divulgado pela Agência Nacional de Águas, o volume caiu, se comparado à sexta-feira, em três das quatro represas e as chuvas não foram suficientes. Na de Paraibuna, passou de -0,45% para -0,64%. Em Santa Branca, de -1,59% para -3,00%; em Jaguari, de 1,79% para 1,61%. Só no reservatório de Funil, o único que fica no estado do Rio, o volume subiu de 3,95% para 4,55%.
Alterima Geradores e turbinas.