A ordenha mal feita e o uso incorreto da ordenhadeira podem diminuir significativamente a produtividade e a rentabilidade da exploração leiteira, pois podem resultar em menos leite, de pior qualidade, aumentar a incidência de mamite, aumentando também o custo de produção. Para que isso não ocorra, seria necessário, por parte do operador, um conhecimento elementar sobre aspectos básicos da anatomia e fisiologia do úbere, manejo da lactação, funcionamento da ordenhadeira, comportamento da vaca em lactação e especialmente das normas de higiene. Somente a partir dessa conscientização permite-se, na prática, o manejo correto da ordenha.
Seu funcionamento se baseia na geração de vácuo ou pressão negativa em volta do teto, o que produz um efeito de sucção que vence o fechamento do teto (esfíncter), permitindo a saída do leite. O equipamento de ordenha deve ser projetado e mantido de forma que evitem turbulência, formação de espuma e agitação. Do contrário, compromete-se a qualidade de composição do leite pois danos físicos são causados na gordura e no desenvolvimento de ácidos graxos livres. O equipamento de ordenha tem que retirar a maior quantidade de leite presente no úbere, no menor espaço de tempo possível, sem prejudicar a saúde da glândula mamária. Isso ocorre porque a pressão no interior do úbere é superior à pressão projetada no interior do equipamento de ordenha, facilitando a extração do leite. Essa projeção é mais comumente conhecida como vácuo , ou seja, as moléculas de ar retiradas de sistemas fechados. Esse trabalho é feito por meio de uma bomba, comumente lubrificada a óleo.
São feitas de borracha e têm como função manter o conjunto de ordenha preso nas tetas para fazer com que o vácuo abra os esfíncteres, realizando a ordenha. As teteiras promovem o massageamento das tetas, além de transportar o leite para o coletor. É a única parte do equipamento de ordenha que entra em contato com o animal, portanto, deve ser monitorada constantemente em relação à higiene e trocada quando vencida.
Se, durante a ordenha de uma vaca, as teteiras ficarem conectadas durante cinco minutos, significa que ela se abriu e fechou no mínimo 300 vezes para ordenhar e massagear. Normalmente, nas propriedades que possuem equipamentos de ordenha, muitas vacas são ordenhadas duas ou até três vezes ao dia. Isso significa que as borrachas das teteiras vão se desgastando, principalmente por sofrerem a ação do leite e de desinfetantes diariamente, provocando fissuras ou até mesmo rachaduras. A vida útil de uma teteira não supera 2.500 ordenhas ou seis meses em rebanhos menores. Teteiras vencidas não possuem elasticidade, perdendo assim a capacidade de massagear os tetos, o que leva à congestão e a edemas. Utilizá-las após o vencimento pode comprometer a saúde do úbere e a qualidade do leite.
As vacas devem ser agrupadas de acordo com a saúde da glândula mamária. Em qualquer rebanho, existem vacas de úberes saudáveis, outras de quartos infectados e outras vacas em condição desconhecida de infecção dos quartos mamários. Na ordenha manual ou mecânica, as vacas devem ser selecionadas de acordo com o estado de saúde do úbere. Vacas com contagens de células somáticas (CCS) inferiores a duzentos mil por ml de leite, ou Califórnia Mastite Teste (CMT) negativo, devem ser ordenhadas antes daquelas que apresentam resultados superiores. Vacas com grumos no leite (mastite clínica) ou em tratamento são ordenhadas no final. Este leite não tem qualidade, portanto, não pode ser misturado ao restante, ele deve ser descartado.
Em ordenha mecânica, é necessário higienizar as teteiras manualmente entre uma vaca infectada e outra, para evitar a exposição aos microrganismos. Para conseguir um resultado positivo, é necessário imergir a unidade de ordenha em solução de iodo 25 a 50 ppm por no mínimo 30 segundos para depois enxaguá-las, deixá-las secar e utilizar na próxima vaca.
Nesses últimos anos, a pecuária de leite do Brasil tem sofrido grandes transformações. Isso se deve à crescente competição, que leva à necessidade de redução de custos e aumento de produção, bem como às exigências legais e de mercado por qualidade, o que está obrigando os produtores a buscarem tecnologias para livrarem seus rebanhos da mastite e o leite de contaminações bacterianas.
Assim, os esforços do produtor para com o rebanho leiteiro serão bem ou mal remunerados em função da quantidade e qualidade do leite produzido. Dessa forma, a ordenha deve ser vista como uma das atividades que exigem maiores cuidados e atenção no trabalho geral da fazenda. Nesse cenário, a ordenha mecânica tende a se tornar uma ferramenta que pode ajudar a atender as demandas por produtividade e qualidade.
O grande desenvolvimento da produção leiteira deve-se, na verdade, ao progresso de vários fatores associados, como a evolução genética, que resultou no aumento da produção por animal, passando da média de 4.000 kg por lactação, há 30 anos, para 7.000 kg a 12.000 kg por lactação, atualmente. Os ganhos de produtividade advindos da adoção de tecnologias que melhoram a eficiência do uso dos fatores de produção, como o desenvolvimento de um manejo específico para vaca de leite enquanto produtora, bem como uma alimentação adequada para que haja um incremento na conversão para leite, também são importantes fatores na evolução dessa atividade.
A ordenha é parte central na pecuária leiteira, podendo otimizar a capacidade de produção e garantir a qualidade do leite. É um momento que envolve vários mecanismos fisiológicos responsáveis por estimular o organismo da vaca a produzir leite, influenciando a capacidade produtiva do animal, sua capacidade de ingerir alimentos, sua saúde e a composição do leite.
A possibilidade de interação dos aspectos biológicos do animal direcionados para a produção de leite de alta qualidade e produtividade é responsabilidade específica das técnicas de ordenha e sua rotina. Além de oferecer a oportunidade de controlar e observar o animal durante o processo.
O curso Ordenha Mecânica Implantação e Operação, promovido pelo CPT - Centro de Produções Técnicas, em parceria com a Embrapa Gado de Leite, é uma oportunidade de levar conhecimento da técnica desse tipo de ordenha aos produtores de leite, permitindo-lhes melhorar a eficiência da produção. No curso você receberá informações dos técnicos da Embrapa Gado de Leite, Armando Carvalho e Antônio Ribeiro, que têm grande vivência no gerenciamento de atividades e execução de pesquisas sobre ordenha mecânica.
Após fazer o curso e ser aprovado na avaliação, o aluno recebe um certificado de conclusão emitido pela UOV – Universidade On Line de Viçosa, filiada à ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância.
Em um cenário de aumento do volume de produção e incremento da qualidade do leite, a ordenha mecânica surge como uma ferramenta que ajuda os produtores a reduzir custos, aumentar a produtividade do rebanho e atender às exigências legais e de mercado por qualidade.