A Embrapa Estudos e Capacitação (vinculada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa) deu início nesta segunda-feira (04/04) à segunda edição do Diálogo Brasil-África, um programa lançado em março do ano passado para promover a integração brasileira com os países africanos. O objetivo é capacitar 49 técnicos em agricultura vindos de 28 nações.
Nessa edição, que vai até o dia 15 de abril, os representantes africanos receberão 80 horas de capacitação em dois módulos. O primeiro (Agricultura: Motor do Desenvolvimento Econômico e Social) vai levar os participantes a refletir sobre as suas realidades a partir dos pilares nos quais está estruturado o modelo agrícola brasileiro. Já o segundo vai capacitar 25 técnicos em “Sistema de produção de milho para pequena propriedade rural, produção comunitária de sementes de milho e sistema de coleta e conservação de água na propriedade rural”.
Todos os técnicos africanos são vinculados em seus países de origem a ministérios de Agricultura e de Desenvolvimento Rural. Além disso, fazem parte de Centros de Pesquisa Agrícola, Investigação Agrária, Institutos de Extensão Rural e Universidades, atuando como pesquisadores, especialistas, coordenadores e supervisores.
Participam do curso técnicos dos seguintes países: Argélia, África do Sul, Angola, Benin, Botsuana, Burkina Faso, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Egito, Eritreia, Gabão, Gana, Guiné Bissau, Mali, Marrocos, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Níger, São Tomé e Príncipe, Senegal, Sudão, República Democrática do Congo, Tanzânia, Tunísia, Uganda e Zimbábue.
O sistema de integração lavoura-pecuária vem assumindo importância no cenário da agricultura nacional devido aos benefícios proporcionados pelas pastagens às lavouras e viceversa, além de ser uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas. Com o objetivo de avaliar as interações entre as culturas de soja e milho e as cultivares de Urochloa spp. (U. brizantha cv. Marandu, U. brizantha cv. Piatã e U. decumbens cv. Basilisk) em consórcio e a interferência de plantas daninhas nos sistemas consorciados, foram conduzidos experimentos em casa de vegetação para avaliar a emergência de plântulas das cultivares de Urochloa spp. em diferentes profundidades semeadura (0, 3, 6, 9 e 12 cm) e a interação das culturas de soja e de milho com as cultivares de Urochloa spp. em diferentes proporções de plantas para cada espécie em consórcio (0%:100%; 25%:75%; 50%:50%; 75%:25%; 100%:0%) para uma mesma densidade de plantas (séries substitutivas). Além disso, foram realizados experimentos aditivos no campo para avaliar a interação entre as culturas de soja e milho com as cultivares de Urochloa spp. em consórcio e a interferência de plantas daninhas nos sistemas através da presença ou a ausência de controle com capina. Os experimentos foram conduzidos em área pertencente ao Departamento de Produção Vegetal da ESALQ/USP, Piracicaba SP. Visando estabelecer uma vantagem competitiva das culturas de grãos em relação às cultivares de Urochloa spp. por meio de seu atraso na emergência de plântulas, observou-se que U. brizantha cv. Marandu e cv. Piatã podem ser semeadas a 0 cm de profundidade sem prejuízo de sua altura ou produção de matéria seca. No caso de U. decumbens cv. Basilisk, o semeio na profundidade de 3 cm permite a otimização na produção de matéria seca e na altura das plantas, sem o benefício do atraso em sua emergência. Em relação à interação entre as espécies consorciadas, verificou-se que em estádio inicial de crescimento, há uma interação de competição no consórcio de soja e milho com as cultivares de Urochloa spp. (exceto na proporção de 25:75 do consórcio de soja com U. decumbens cv. Basilisk), onde ocorre uma compensação, ou seja, os ganhos na matéria seca relativa da soja e do milho compensam as perdas observadas na matéria seca relativa das cultivares de Urochloa spp. Portanto, as culturas de soja e milho mostram-se mais competitivas que as cultivares de Urochloa spp. (a soja apresenta competitividade semelhante a U. brizantha cv. Marandu em igualdade de proporções). No campo, verificou-se que os consórcios de soja e milho com as cultivares de Urochloa spp. não afetam os componentes de produção, altura e produtividade da cultura de soja e milho ou mesmo reduz a comunidade de plantas daninhas, mas interfere na densidade e na matéria seca por planta e por área das cultivares de Urochloa spp. As plantas daninhas influenciaram de forma semelhante os sistemas de produção sem capina devido à similaridade em suas comunidades e às baixas infestações nas áreas capinadas. Os consórcios de soja e de milho com U. brizantha cv. Marandu, U. brizantha cv. Piatã e U. decumbens cv. Basilisk necessitam do controle de plantas daninhas para um melhor aproveitamento da área de cultivo.