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Boi gordo ou boi de corte em fazendas, insumos geram energia alternativa

Por em 15/10/2011
Boi gordo ou boi de corte em fazendas, insumos geram energia alternativa
Ernesto de Souza

Depois da alta acentuada de 16,13% no preço da arroba do boi gordo no mercado paulista em outubro, o mercado físico brasileiro de boi gordo terminou novembro em declínio. A oferta, que até então se mostrava inferior à demanda, ganhou impulso ainda na primeira quinzena do mês, com a entrada de gado confinado de segundo turno e de gado de pastagem (mesmo que ainda leve), contribuindo para um melhor equilíbrio na composição dos abates nos frigoríficos.

Em São Paulo, frigoríficos que vinham trabalhando com escalas de abate para dois dias, já indicam posições para cinco dias, em média. Por conta dessa maior oferta, o boi gordo fechou novembro cotado a R$ 106 arroba, de preço médio, livre, à vista, em São Paulo, contra R$ 111 a arroba de abertura do mês, uma queda de 4,5%.

Em Mato Grosso do Sul, a arroba fechou novembro a R$ 98/101, livre, à vista, contra R$ 101/102 de abertura do período. Em Mato Grosso, o mês terminou com a arroba a R$ 90/96 contra até R$ 97 de abertura.

Em Goiás e em Minas Gerais negócios ficaram em R$ 99/100 a arroba, livre, para pagamento em 30 dias, contra até R$ 102 do primeiro dia de novembro. “A queda de preço é brusca para um mercado que ainda tem uma situação de oferta ajustada e que dispõe do melhor movimento de demanda em dezembro, mas a demanda é fator de suporte nesse início de mês e será difícil trazer os preços do boi para R$ 100 a arroba em São Paulo, como querem os frigoríficos”, observa Paulo Molinari, analista da consultoria Safras & Mercado.
 

 Preços em alta no atacado


Conforme Molinari, a alta do boi durou noventa dias, com o preço chegando ao auge no início de novembro, com a arroba a R$ 123 em São Paulo, e os frigoríficos estão tentando baixar preços em 15 dias, numa velocidade tão expressiva quanto à do movimento de alta.

Embora considere a curva de baixa acentuada, o analista observa que não se pode dizer que os atuais preços são ruins para uma entrada de safra. Para ele, o atual quadro de mercado era esperado para janeiro e fevereiro e não para uma primeira quinzena de dezembro, em que a demanda é expressiva, mas ao que tudo indica, a procura segue como fator de suporte para o boi nesse início de dezembro. “Essa demanda forte, inclusive, é que tem dado sustentação aos preços da carne no atacado”, explica.

Mesmo com o boi gordo em queda e com os frigoríficos relatando a existência de estoques, o atacado da carne bovina terminou novembro em alta, com o traseiro cotado a R$ 8,60 quilo, recorde histórico para o mercado paulista, ante R$ 8,15 de abertura do mês. O dianteiro, por sua vez, encerrou novembro a R$ 5,60, mesmo patamar de abertura.

No mercado externo, o movimento foi de queda nas exportações brasileiras em novembro: o volume total embarcado ficou em 55,2 mil toneladas, com média diária de 2,8 mil toneladas, 27,8% inferior à média diária do mês anterior.

O preço médio pago pela carne bovina, no entanto, voltou a apresentar valorização. Em novembro, a carne bovina in natura foi negociada a US$ 4.874,1 por tonelada, 7,9% superior ao de outubro, de US$ 4.518,5 por tonelada.

Apesar das quedas no mercado atacadista com osso, o preço do boi gordo não recuou em São Paulo. Segundo Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria, os preços de referência se mantêm em R$103,50 a arroba, à vista, e R$104,50 a arroba, a prazo, livre de imposto.

A margem de comercialização da indústria ficou encurtada. As escalas atendem de 3 a 4 dias, na maioria dos casos. “A época do mês não traz expectativa de melhoria no consumo, que poderia reverter as quedas no preço da carne com osso”, afirma Neto.

Para as próximas semanas, o mercado deve continuar pressionado. Por outro lado, o pecuarista tem pasto para segurar os animais, na tentativa de impor reajustes. “Isto pode limitar quedas maiores”, completa o analista.

O mercado do boi gordo iniciou a semana com poucos negócios. Em São Paulo, parte dos frigoríficos ficou fora das compras. Os que abriram mercado pressionam as cotações. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o preço referência se mantém em R$100 por arroba, à vista, livre de imposto.

Negócios nos preços mais baixos são raros e com lotes pequenos. As escalas atendem cerca de 4 dias, com programações de abate fechando a semana.

Segundo Hyberville Neto, analista da Scot Consultoria, a expectativa é de aumento gradual de oferta com a safra. O consumo no início de ano também é mais fraco, o que pesa negativamente. Por outro lado, existe a resistência do pecuarista em vender o gado abaixo do R$100 a arroba em São Paulo.

Na maior parte das regiões o cenário é semelhante, com pressão de baixa, mas oferta que não permite recuos.

 
Ernesto de Souza

A projeção da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) é de que nos próximos três anos a oferta de boi gordo em Mato Grosso retome os patamares de 2008, quando foram abatidos 4,644 milhões de cabeças de machos, porém menor do que o de 2007, que foi de 4,755 milhões.

A estimativa é de que, em 2014, o estoque de machos chegue a 4,614 milhões, um aumento de 16,8% com relação à oferta de 2011. A queda na quantidade de animais machos começou em 2008 em decorrência do grande abate de fêmeas, atingindo seu pior momento em 2011, quando 3,950 milhões de cabeças de boi gordo foram abatidos.

Segundo dados do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) e levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o rebanho total de Mato Grosso cresceu 1,4% de 2010 para 2011. O rebanho de fêmeas subiu 1,2% e o de machos 1,8%. O estoque de machos disponíveis para 2012 é maior que no ano passado, mas menor que em 2010.

“Se não fosse o grande abate de fêmeas no ano passado, a pressão teria sido bem maior. A situação vai perdurar até 2013, o rebanho de machos deve crescer 9,5% em relação ao ano passado”, analisa o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

O abate total de bovinos em 2011 cresceu 12,4%, com o abate de 4,871 milhões de cabeças contra 4,333 milhões em 2010. No ano passado, 44,6% dos animais abatidos foram fêmeas e no ano anterior o percentual foi de 34,2%. O maior registro nos últimos nove anos foi em 2006, quando 49,4 % do abate foi de fêmeas.

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