Vários grupos de pesquisas estão trabalhando para recarregar as baterias dos implantes médicos por eletricidade sem fios.
O pesquisador português António Abreu, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, acredita que a tecnologia será impulsionada quando estiver disponível um sistema de recarregamento à distância que seja seguro e confiável.
Para isso, ele criou um sistema transcutâneo - não-invasivo - para recarregar as baterias equivalentes às usadas nos dispositivos médicos implantáveis.
Este sistema permite uma vida mais longa dos implantes, tais como marca-passos e desfibriladores, dispensando as intervenções cirúrgicas para substituição das baterias que se descarregam.
Em vez de submeter o paciente aos riscos de novas cirurgias - o que normalmente ocorre a cada cinco a sete anos - a bateria poderá ser recarregada através da energia transmitida à distância pelo recarregador.
A eletricidade atravessa o corpo por via transcutânea, atingindo bobinas no aparelho que captam as ondas eletromagnéticas para gerar a eletricidade necessária ao recarregamento.
"O processo desenvolvido também permite definir um consumo de energia personalizado, isto é, o fluxo de energia pode ser regulado e adaptado de acordo com as necessidades do dispositivo eletrônico e da patologia do paciente.
Ele garante simultaneamente o fornecimento de energia e um canal de comunicação com o operador no exterior para efeitos de diagnóstico e reprogramação do implante. Nestas circunstâncias, não haverá demanda de energia a partir da bateria interna," explicou Abreu.
O recarregador à distância já foi patenteado nos EUA e na Europa, com apoio da Comissão Europeia.
O protótipo foi concebido para aplicação em marca-passos, mas o pesquisador afirma que ele poderá ser adaptado para outros dispositivos de alta potência, tais como, desfibriladores, corações elétricos artificiais, bombas de insulina ou outros tipos de próteses internas.
O mesmo princípio de transmissão de energia que permite o fornecimento de correntes elétricas reduzidas para implantes médicos também já se mostrou ser viável para otimizar a transmissão de energia elétrica em sistemas de transporte, para recarregar baterias de carros elétricos e mesmo para movimentar trens elétricos.