Eletricidade à distância
Há dois séculos, Mary Shelley idealizava dar vida ao estranho Frankenstein usando um raio.
Milhares de fãs incondicionais relembram à exaustão os experimentos de Nikola Tesla, nunca levados adiante por outros cientistas, que buscavam a transmissão da eletricidade à distância.
Agora, a empresa Nokia resolveu juntar as duas coisas, usando um raio para transmitir energia e recarregar a bateria de um telefone celular.
Para realizar o experimento, a empresa pediu ajuda ao Laboratório de Altas Tensões da Universidade de Southampton, na Grã Bretanha.
A fabricante de celulares alertou que "ninguém deve tentar fazer isso em casa".
Usando um transformador, a equipe recriou um raio dentro do laboratório, fazendo 200.000 volts cruzarem o ar em um espaço de 30 centímetros.
Um segundo transformador coleta o campo por indução e fornece a energia para alimentar o aparelho, um Nokia Lumia 925.
Capturar a energia dos raios
Já existem diversas abordagens para a transmissão da eletricidade sem fios, com vários projetos-pilotos em andamento.
Mas ninguém havia tentado capturar a energia semelhante à de um raio.
Embora o sonho de aproveitar a energia dos raios seja antiga, um aparato prático desse tipo precisaria lidar com a inconstância da natureza, já que raios não nascem com etiqueta de tensão e corrente, e muito menos avisam onde vão cair, dificultando projetar os sistemas de captura.
Neste experimento, o raio nunca toca o aparelho - o transformador fica nas proximidades, capturando a energia do raio que passa bem ao seu lado.
"Ficamos impressionados em ver que o circuito do celular da Nokia de alguma forma estabilizou o sinal pleno de ruído, permitindo que a bateria fosse carregada em apenas alguns segundos," disse o professor Neil Palmer, que projetou e realizou o experimento.
"Este resultado prova que o aparelho pode ser carregado com uma corrente que passa pelo ar, um passo gigantesco rumo ao entendimento de uma força natural como o raio e o aproveitamento de sua energia," completou Palmer.
Os cientistas não informaram se as conclusões do teste são suficientes para gerar uma linha de pesquisas que possa prosseguir rumo a objetivos práticos.